Buscando a concretização de um ambiente mais seguro, na década de 80, ocorreu uma proliferação de condomínios fechados – clássico exemplo de enclaves fortificados. Neles, a segurança dos moradores seria garantida por meio de sistemas de identificação de visitantes, alarmes e câmeras instaladas em áreas comuns.
Além disso, trariam uma série de comodidades, como, por exemplo, loja de conveniências, academia, área de lazer e outras facilidades capazes de reproduzir para os moradores a sensação de se viver em sociedade. Porém, o que começou a ocorrer foi uma verdadeira segregação social.
O que são enclaves fortificados?
Os enclaves fortificados se referem aos espaços privatizados, fechados e monitorizados para residência, trabalho ou lazer. Exemplos: shoppings, escolas, clínicas, condomínios fechados etc.
Novo modelo de segregação socioespacial
Os enclaves fortificados vêm gerando cidades fragmentadas e colaborando com problemas de exclusão e discriminação social, insegurança e abandono dos espaços públicos.
Alguns dos processos que resultaram nesse novo padrão de segregação foram:
- Crise econômica;
- Crescimento da violência e do medo;
- Abertura e consolidação democrática;
- Atividades econômicas sendo reestruturadas.
Voltando-se para os condomínios fechados, ambientes no qual criam no indivíduo uma falsa sensação de segurança. Dentro dos limites de seu “território”, teoricamente, o cidadão está protegido. Há vigias por toda a parte, os moradores pertencem à mesma classe social, a entrada de estranhos só ocorre mediante autorização de condôminos. Atualmente, esse tipo de moradia passou a ser símbolo de status, ostentação, de riqueza e poder, do que somente um local “seguro” para viver.
Se o objetivo maior dos enclaves fortificados for o combate à criminalidade, certamente, esse método não será válido. A criminalidade é imanente à sociedade, pois existe desde que o ser humano passou a viver em comunidades. Não pode ser eliminada do seio dos povos, mas apenas controlada, mantida em níveis aceitáveis. Os enclaves separam as classes sociais, mas são incapazes de detê-la. Prova disso são as notícias, alardeadas pela mídia, de crimes que ocorrem dentro dos muros dos condomínios, como, por exemplo, homicídios, estupros, dentre outros delitos, cometidos pelos próprios moradores ou mesmo por agentes que conseguem, de alguma forma, penetrar nas fortalezas. Pode-se até dizer que acontecem em menor escala e isso é verdade. Mas não há como deter a criminalidade totalmente.
Já a segregação social causada pelos enclaves fortificados, fica o questionamento a ser discutido pela sociedade, pois se indivíduos de camadas sociais diferentes não conviverem, será impossível descobrir o que é melhor para todos, pois os interesses de representatividade serão apenas os das classes dominantes.
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